Pois é, falamos em shows, concertos e exposições em Arteropis, aqui existem váaaarios. O setor de entretenimento do concelho, que por sinal é muito sério, promove semanalmente diversas exposições e oficinas.
Não entendo muito o país de vocês, mas aqui tudo é livre, de 15 a 48 anos cumprimos com nossas obrigações voluntárias, se não me engano, aí vocês costumam chamar de emprego ou trabalho, até já ouvi um papo de pedintes ou sei lá 'menjigos', desculpem, não sei como se escreve, esse tipo de voluntários não existe por aqui, bom acontece que começamos cedo.
Nossos pais observam nossas aptidões naturais desde que nascemos e por exemplo, meu vizinho Josuépp que só tem 5 aninhos adora mexer nas ferramentas do pai dele e não pode ver um barquinho que fica maluco, ontem mesmo a mãe dele o cadastrou na oficina de estruturas e artes, e em 6 meses ele começa, lá ele verá centenas de ferramentas e poderá mexer em todas. Percebi que escrevi demais, e na verdade nossa conversa fluiu pra outro lado que depois comento mais, estávamos falando de exposições e entretenimento, a última que tivemos foi de uma mulher completamente pirada, que pinta quadros belíssimos, e na hora de expor ela simplesmente aparece nua na inauguração e defende que seus quadros em seu país valem 0,99 centavos de dollar, não sei exatamente quanto vale isso, mas pela forma que ela falou era muito pouco, o que a artista explicou é que a arte não é só um veículo de informação nem tampouco algo que se compra e que se vende, que seu valor é diretamente ligado a uma vida que esteve ali, e daquela forma alguém se exprimiu e produziu algo que para alguns apenas combinou com os móveis da sala ou com o sofá da sala de estar (a propósito desculpem a ignorância, o que é sala de estar? por acaso tem alguma sala que vocês não estão?). O que ela quis de fato foi de forma agressiva mostrar que por trás da sua arte existe um valor agregado, e com um pincel e um tipo de performace ela eternizou em um quadro esse sentimento.
Ela falou e explodiu tudo isso durante umas 2 horas e acredito que com poucas palavras resumi um pouco do que se passava na cabeça de Frida Carrington. Tirando o corpo lindo da mulher que quase ofuscou sua arte, seus quadros me chamaram muita atenção, um deles se chamava Pepper Rock, um quadro com cores fortes e bons contrastes, que criticava que o Rock 'n Roll (diga-se de passagem, nós a-d-o-r-a-m-o-s os shows que rolam na ilha baixa) atualmente é uma espécie de moeda, e que suas músicas foram se deteriorando e se transformaram em grupos que usam calças de grife, roupas que já vêm rasgadas de fábrica, com marcas que todos conhecem e veneram, portanto seguem um estilo sem personalidade nenhuma. Fiquei triste com tudo que aquela mulher louca falou e fiquei com saudade do verdadeiro último show de rock que fui por aqui, um cara com uma guitarra desafinada porém coerente chamado Kurt Cobain.
Registrei o quadro que mais me identifiquei e tá aí o que a alucinada nos deixou (só mais uma perguntinha o que é 'grife'? Vocês literalmente usam moedas pra se vestir?).